Wednesday, September 19, 2007

Wednesday, May 30, 2007

"Why is the rum gone?"

Hollywood está sofrendo de uma maldição até mais aterrorizante que a do Pérola Negra: a maldição dos roteiros das continuações.

A nova onda do maremoto é criar um filme excelente, apresentar cenas e personagens impactantes, criar altas doses de expectativa e aí... tropeçar nas pernas e frustar todo mundo nas seqüências. Melhor ainda: não saber mais terminar ou resolver aquilo que foi criado. Tudo começou com "Matrix" - divisor de águas sob diversos aspectos - que derivou as porcarias "Reloaded" (um dos piores filmes que já tive o desprazer de assistir) e "Revolutions". Veio o Aranha, coitado, que enganou por mais tempo (o 2º foi ainda superior ao bom primeiro), e agora a maldição faz sua nova vítima: o CAPITÃO Jack Sparrow.


Piratas do Caribe 3: Até o fim do mundo é um filme de ação vertiginosa, cenários espetaculares, cenas de batalha intermináveis... e que dá um sono danado. É como eu li numa crítica do filme: você pode assistir uma cena mirabolante de batalha que dura 25min, mas depois duns 10 as coisas começam a perder um pouco da graça. Parece que você começa a ficar um pouco anestesiado com aquilo tudo, e é quando vem o primeiro bocejo. O roteiro é bastante rocambolesco, mas apesar disso não deixa o espectador perdido ou ofende a inteligência (deixaram isso pro filme do Aranha). Mas de tão complicadinho precisaram até multiplicar o Jack Sparrow, ao que parece, pra que ele próprio pudesse entender o que se passa na história. Um só não tava dando conta.

E infelizmente essa complexidade toda tem um preço: transforma uma das duplas criador/criatura mais inovadoras do cinema (J.Depp/J.Sparrow) em meros coadjuvantes do que se passa em torno deles. É tipo assim: o filme vai acontecendo, as cenas vão passando, e de vez em quando aparece o Jack Sparrow e solta uma (uma ótima, diga-se de passagem). O que é uma pena, porque Depp tem o domínio completo do personagem, encontrou de fato o seu alter ego. A química entre eles é tão natural, tão agradável que quem está assistindo não escapa da impressão de estar a todo o tempo vendo um velho amigo em cena. É um personagem maravilhoso, sem dúvida, totalmente fora dos padrões de protagonistas de ação: bonitões, heróicos, calculistas, sóbrios, indestrutíveis. O cara parece que vive mamado, é estabanado, prima pelo improviso pra sair das situações. Um barato. E infelizmente pouco aparece.

Geoffrey Rush também deu um belo trato no seu Capitão Barbossa, outro que tem tiradas brilhantes em seus diálogos, rivalizando com Jack Sparrow quase à altura. Faltou muito pouquinho. Dois personagens maravilhosos.

Quem for ao cinema esperando diversão pura e simples vai gostar. Quem esperava encontrar mais do pirata mais cara-de-pau do pedaço pode se decepcionar um pouco.
Melhor que o segundo, porém anos-luz atrás do primeiro filme da série, este capítulo brinda os espectadores com algumas referências a clássicos do cinema. Dizem que tem até "O Império Contra-Ataca" na parada, mas esse eu confesso que não pesquei. Vou deixar as mais artísticas para Bruno e MH, enquanto Julio me ajuda com as mais pop. Vi sim, referências à "Janela Secreta" (com o próprio Depp) e uma brilhante, que fez valer cada centavo do meu ingresso, ao clássico "Era uma vez no Oeste". E eu quase delirei no cinema.

Wednesday, May 23, 2007

Meu poster ideal para "Homem-Aranha 4"


Mas o Aranha é o maior de todos os heróis. O meu favorito.
Que o Raimi tenha bom senso, tire umas férias ou passe o chapéu.
Já imaginaram um Aranha de Martin Campbell?

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Monday, May 14, 2007

Rambotox

"Rocky Balboa" foi um excelente filme, mas a crise de criatividade subsequente empurrou Stallone para "John Rambo" (até o nome é chupado!).

Se fosse ele, ainda dava um pau no esteticista particular, porque fez o velho Sly ficar a cara do Quico!


Saturday, May 12, 2007

Fanfilms

Hoje em dia ficou tudo mais fácil com o YouTube. A pessoa faz lá uma gravação qualquer, coloca na rede e dependendo da sorte/divulgação/repercussão pode ficar famoso da noite pro dia.

Isso se tornou um belo veículo de divulgação para os fanfilms, que são aqueles filmes 100% feitos por fãs, desde o roteiro até o figurino e interpretações. Claro que muita porcaria aparece, mas em alguns casos a gente consegue ver verdadeiras obras-primas artesanais, melhores do que muito blockbuster de 250 milhões de dólares por aí (e não sei porque "Homem-Aranha 3 " novamente me vem à cabeça...).

Pra ilustrar um belo exemplo, deixo abaixo o vídeo de "Batman: Dead End", dirigido, roteirizado e estrelado pelo mesmo cara, com ajuda de uns amigos, muita vontade e uma excelente idéia na cabeça.

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Tuesday, May 08, 2007

A bomba H

Ou como prefiro chamar: "Batman&Robin" versão Marvel.
O poster oficial reflete não só a crise de identidade do herói no filme, mas a de todos os envolvidos na produção.

Antes de mais nada, quero avisar ao eventual leitor que este texto está repleto de spoilers e detalhes do filme. Caso vc ainda não tenha visto o filme, dê meia volta e só pense em voltar por aqui depois de ir ao cinema, pq não quero influenciar ninguém nem estragar eventuais surpresas. Pra dar tempo de vc pensar bem, vou dar umas 5 linhas de espaço.














Ainda aqui? Bem, eu avisei.


Fiz questão de não ler absolutamente crítica nenhuma antes de sair da sala de exibição de “Homem-Aranha 3”, primeiro porque não queria conhecer surpresas que o filme reservasse aos fãs mais ortodoxos (como eu); segundo porque queria construir minha opinião baseado unica e simplesmente nas minhas impressões; e terceiro porque confio (...) de olhos fechados no Sam Raimi, principalmente depois de fazer dois filmes tão excelentes do herói.

Comprei minhas entradas antecipadamente, cheguei ao cinema uma hora antes do filme (e já tinha fila) e comecei a curtir aquela expectativa de fã nerd antes da tão esperada hora. Minha mulher empolgada, o que é raro, e eu mais ainda, o que não é raro. Cinema lotado, um espectador que resolveu ir ao cinema com o filho recém-nascido no colo (“tudo bem, é festa... que pai dedicado, doutrinando o filho desde cedo a gostar do Aranha”), e um casal ao nosso lado que conversava animadamente sobre o filme, com o rapaz explicando vários detalhes para sua namorada.

Aí começou o filme. E a cada cena, meu queixo despencava mais alguns centímetros.

O filme é, inexplicavelmente, uma sucessão de erros. E o maior deles talvez tenha sido não dar ao Sam Raimi umas boas e merecidas férias antes de começar a rodá-lo. O diretor parece ter tido uma estafa nervosa ao construir o roteiro do filme, dada a quantidade de informações que quis compilar ao mesmo tempo em apenas 2h20min (!!). Aliás, um parênteses: parece estar virando moda em Hollywood empregar a família quando vai se escrever um roteiro de filme. Depois dos irmãos Nolan (em Batman), agora vêm os irmãos Raimi, que sem o mesmo sucesso tentaram jogar tanta, mas TANTA informação na tela, que até quem é leitor assíduo e sabe praticamente tudo sobre o Aranha fica perdido no meio do tiroteio.

Enfiaram uma Gwen Stacy do nada na história, parece que só pra constar, e fizeram-na entrar muda e sair calada; deram ares de devassa a Mary Jane Watson (esse, um pecado mortal e imperdoável pra qualquer um, e isso fica claro nas manifestações unânimes de desagrado na sala de projeção – pra vaiarem faltou muito pouco); simplesmente esqueceram que já tinham citado o Eddie Brock no PRIMEIRO FILME como empregado do Clarim Diário; deram um look EMO ao Peter Parker para ilustrar o seu estado de conflito interior - meu Deus, que idiotice; como se não bastasse o visual, meteram uma cena de dança que pra mim fica registrada como uma das cenas mais ridículas da história das adaptações de quadrinhos; fizeram o Duende Verde ficar bonzinho, na marra (nessa hora eu confesso que faltou muito pouco pra levantar e ir embora, mas a curiosidade mórbida me fez permanecer sentado pra ver onde aquele carnaval ia parar. Cara, o Duende é o Duende. Isso magoou), com a revelação ABSURDA de que o mordomo já sabia de tudo; e antes que eu me esqueça, meteram três (até o Duende amarelar) vilões num roteiro frouxo e cheio de buracos e liberdades que mal caberia um.

Mas esse erro catastrófico tem por autoria o produtor Avi Arad. Raimi sempre foi honesto em dizer que detestava o Venom. Arad forçou a barra e fez o diretor incluir o linguarudo na marra, e o resultado se vê: a má vontade com o personagem é tamanha, mas tamanha, que ele nem sequer se incomodou de dar uma origem decente ao simbionte, pra não falar que ele toma um pau do Aranha como quem passeia num domingo de manhã – coisa que nos quadrinhos nunca aconteceu. Sempre que o Venom aparece, falta isso aqui pro Aranha se ferrar feio. Nada se explica sobre o personagem, como o fato de ser o único inimigo do cabeça-de-teia que não ativa o sentido de aranha, a relação do simbionte com o hospedeiro ou, pelo menos, a preocupação em dar uma personalidade ao personagem. A transformação do Brock em Venom beira o ridículo (a forma como acontece, não os efeitos visuais), em circunstâncias típicas de novela das 18h. Pombas, não queria usar o Venom não usasse! Seria mais honesto com os fãs. Esse é um inimigo que merecia um filme só pra ele.

Outra coisa: eu DETESTO, eu ABOMINO, me dá NÁUSEA quando dois vilões se unem pra enfrentar um herói, ainda mais em circunstâncias ridículas como aquela. Pra mim é menosprezar os caras, e elevar sua incompetência ao quadrado. Definitivamente o Venom, e porque não dizer o Duende Verde, não mereciam isso. Muito menos eu merecia. O que o Sam Raimi fez com o Venom foi covardia. Como lembrou o Victor, Venom é um personagem exclusivamente ligado ao Aranha, colocá-lo apenas em uma traminha é perder seu potencial. Tem de levar toda a história.

Os únicos que escaparam desta tragédia foram J.J. Jameson, hilário (J.K Simmons é excelente, pegou o timing perfeito do Jameson), o maitre do restaurante francês e, com ressalvas, o Homem-Areia, que sempre foi um vilão meia-boca e realmente dado a dilemas morais, graças em parte ao baixo intelecto.

Mas de resto, meu amigo aracnofã, um filme pra se lamentar. Lamentar o que poderia ter sido. E lamentar mais ainda o que pode vir a ser: fontes já informam que Sam Raimi vai repetir a dose (amarga) no Aranha 4 - Carnificina, Lagarto e Gata Negra vêm aí. Pra não falar da vingança do Duende-pai que agora se aproxima mais forte do que nunca e de um ar de Doc.Oc nas redondezas (essa eu peguei numa cena no escritório do JJ).

Mas nem tudo são perdas. Uma coisa Sam Raimi conseguiu ganhar: a minha desconfiança. Por favor, façam com que ele passe longe de “O Hobbit”, porque se ele fez isso com o Aranha, não quero nem imaginar na Terra-Média...

Não me incomodo do Raimi errar. Eu tolerei tranquilamente a roupa de Power Ranger do Duende Verde no primeiro filme, e não tão bem a cena do "desmascaramento" no metrô no segundo, mas o filme é tão bom, mas tão bom, que nem liguei pra isso. O ruim foi ele ter errado tudo o que não errou nos dois primeiros neste, e mais um pouco.
Tornaram o Aranha coadjuvante do próprio filme.

Caso não tenha sido suficiente enfático, achei o filme uma MERDA.
Uma versão Marvel de "Batman&Robin" (aquela bomba com o George Clooney), com o qual o Raimi devia ter aprendido alguma coisa. Como disse o Bender, a seguir assim o Aranha 4 vai ser de envergonhar fã.
Esse chegou perto.



P.S.: Um erro eu tenho que assumir a autoria: esperança demais. Nem a derrota do Botafogo no domingo me incomodou muito, pois o Aranha ia salvar o dia.
Duas pauladas.
Outra coisa, só pra quem está se perguntando: nunca leve seu filho recém-nascido pro cinema, porque além de falta de respeito com quem não tem nada a ver com a sua paternidade, periga alguém chutar a tua criança ou te dizer uns desaforos. E vc mereceu.
E considerações à sua namorada burra sobre o filme devem ser feitas antes do mesmo, sob os mesmos riscos.


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Sunday, January 28, 2007

Dica de clássico: "A Noite do Iguana"

Mais um filme baseado em uma peça de Tennessee Williams que deu muito certo. Filmado em 1964 por John Huston, o filme tem atuações brilhantes de Richard Burton e Deborah Kerr. Mas o grande destaque fica mesmo com Ava Gardner, que vivencia a sua Maxine intensamente, atuando até mesmo quando não está em primeiro plano. É raro assistir uma performance assim: contundente, mas ao mesmo tempo tão despojada. Vendo a Maxine de Ava tive uma saudade dos bons atores 'da antiga', sobretudo os que entendiam que era preciso transformar o ego em algo sublime. Vejam e comparem com a atuação preciso-ter-meu-solilóquio de Al Pacino, por exemplo.

O roteiro é impecável, graças ao excelente texto de Williams, que sempre rende diálogos memoráveis, daqueles que a gente tem vontade de anotar. É, de fato, um filme para ver e rever, para digerir com calma. E deve ser entendido como uma peça - ação limitada, confinamento de tempo e espaço, verborragia, pausas propositais. Tudo bem que o filme tem lá as suas coisas datadas e cafonas - a iguana metafórica, os beach boys com as maracas - mas ainda assim é constrangedoramente melhor e mais honesto do que bombas recentes como a 'pérola' do Scorsese - toda vez que eu me lembro daquele ratinho no final, eu quero matar a Academia.

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